sábado, 6 de dezembro de 2008

Amazonês no "Agitando", com a Vivi Cariolano


Acabei de chegar da entrevista na Rádio Amazonas FM (101,5). Fui ao programa Agitando, da Vivi Cariolano. Foi uma entrevista divertidíssima. Vou digitalizar e colocar partes dela aqui. Quem quiser acessar o dicionário Amazonês, clique aqui.

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

VIVO ZAP 3G, Endless love...

Depois dos desencontros iniciais, meu VIVO ZAP 3G está funcionando a 600 kbps. Se sempre funcionar assim, vai ser amor em fim. Mas como tudo na vida é feito de idas e vindas, meu Renault Clio parou de manhã no meio da rua e não quis mais pegar. Foi rebocado pra Porto (ex-Parintins) e agora só terça, porque segunda é feriado. É mole? Como diria o José Simão, na Folha de São Paulo: é mole, mas trisca pra ver o que acontece...

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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Um cd para ouvir sempre...


Thriller
, de Michael Jackson.

Lançado em 1982, mas fez sucesso aqui em 1983. Tem as seguintes faixas:

1. Wanna Be Startin' Somethin'
2. Baby Be Mine
3. The Girl is Mine (com Paul McCartney)
4. Thriller
5. Beat It
6. Billie Jean
7. Human Nature
8. P.Y.T. (Pretty Young Thing)
9. The Lady In My Life

Ouço esse Cd e lembro do meu segundo grau, no Colégio Preciosíssimo Sangue. 1983 foi o ano em que comecei a fazer magistério. Nunca gostei muito de Wanna Be Startin' Somethin'. Sempre pulava essa faixa. Começava a ouvir o cd - na época vinil - da faixa 2. The Girl is Mine é fantástica. Faz parte da época em que o Paul McCartney fez umas dobradas com o Michael Jackson. Dessa parceria nasceu a também marcante Say, say, say. Thriller marcou época. Beat it me lembra do jornalzinho que eu fazia no colégio que trazia letras de músicas, o Algo Novo. Billie Jean me lembra a Aldeíza, uma menina que eu paquerava e que dançava essa música na sala ao lado da sala em que eu jogava futebol de mesa, no Centro Social Urbano do Parque Dez. Nunca rolou nada. Depois descobri a gravação fantástica do Caetano para essa música. Human Nature é o tipo de música que eu gosto. Sempre foi minha preferida no Cd. P.Y.T. nem cheira nem fede. E The Lady in My Life é gostosa de ouvir. Discografia básica. Para constar: Thriller é o álbum mais vendido de toda a história da música: 140 milhões de cópias. Comprei o CD em 1989 ou 1990 do Reinaldo, professor amigo meu que estava indo embora e vendendo tudo que tinha. O bolachão foi junto com todos os bolachas, doados não me lembro para quem.

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Limites...

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A polêmica dos bebês anencéfalos

Este texto é muito significativo para se pensar sobre o direito da mãe em interromper a gravidez de um bebê diagnosticado com anencefalia. O pau está comendo. A Igreja Católica diz que é aborto. O Ministro do Supremo e relator da matéria, Marco Aurélio Melo, diz que a constituição deve proteger o cidadão brasileiro. A mãe é cidadã brasileira e o feto não. Portanto, ela teria o direito à interrupção sem que fosse crime. E aquela que quiser levar a gravidez até o fim, mesmo sabendo que o bebê vai morrer ao nascer, também pode. A questão é delicada e merece reflexões.

Cacilda foi protegida, Severina torturada
Eliane Brum, repórter especial de ÉPOCA, é co-diretora do documentário Uma História Severina, vencedor de mais de 20 prêmios nacionais e internacionais


Severina suportou mais de 30 horas de dores de parto consciente de que, ao final, teria não um berço, mas um caixão

Cacilda e Severina são mais semelhantes que diferentes. Ambas são brasileiras pobres, agricultoras, católicas. Cacilda, do interior de São Paulo; Severina, dos arredores do Recife. Ambas desejavam um filho. Ao engravidarem, comemoraram. Na ultra-sonografia, descobriram que seu bebê tinha uma malformação que o levaria à morte. Sofreram muito. Cacilda decidiu prosseguir com a gestação. Para Severina, tornou-se insuportável continuar gerando um feto que não viveria. É aqui que seus caminhos se separam. Não porque suas escolhas são diferentes. Mas porque o Estado protege Cacilda. E tortura Severina.

Entendo que determinar se a filha de Cacilda Galante Ferreira era ou não anencéfala faz diferença tanto para quem defende a interrupção da gestação nesses casos como para quem é contra. A questão permeou os dois dias do debate travado em audiência pública promovida pelo Supremo Tribunal Federal. Mas acho cruel que seja preciso discutir publicamente a grave anomalia da filha de Cacilda. As questões de Cacilda só deveriam interessar a ela. É porque Cacilda merece todo o nosso respeito que é triste assistir a seus sentimentos virarem peça de campanha religiosa. Sua relação com a filha, a decisão de levar a gestação até o fim, assim como o sentido que deu a esse um ano e oito meses de maternidade, pertencem apenas a ela. São íntimas, privadas, correspondem ao seu livre-arbítrio, à sua dignidade.

Não importa discutir as questões de Cacilda por uma razão objetiva: Cacilda não é objeto da ação que reinvidica o direito de interromper a gestação anencefálica. E não apenas porque sua filha, segundo afirmaram especialistas eminentes na audiência pública, não seja um caso de anencefalia. Mas porque, quando Cacilda acreditava que sua filha era anencéfala, sua decisão de levar a gestação até o fim foi respeitada. As questões de Cacilda só interessam a Cacilda porque ela sempre esteve amparada pela lei. Se a ação for aprovada pelo Supremo, mulheres como Cacilda continuarão protegidas pelo Estado.

O que importa, sim, é discutir as questões de Severina. A agricultora pernambucana Severina Maria Leôncio Ferreira não está protegida pela lei. Ao descobrir que carregava no ventre um feto condenado à morte e decidir que não levaria aquela gestação até o fim, Severina não encontrou amparo no Estado. Por não ter encontrado proteção, Severina foi torturada. Seu sofrimento fere o princípio constitucional da dignidade humana.

Seria ótimo que, assim como as de Cacilda, as questões de Severina só importassem a ela. É justamente esse direito – o de cada mulher decidir se faz sentido ou não prosseguir com a gestação, dentro do seu útero, de um feto com malformação letal em 100% dos casos – que o Supremo vai julgar. O que os 11 ministros vão dizer é se Severina merece o mesmo respeito que Cacilda.

Testemunhei a dor de Severina. Seu calvário foi contado no documentário Uma História Severina, co-dirigido por mim e produzido pela Imagens Livres, do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis). Em 20 de outubro de 2004, quando a liminar que permitia a interrupção da gestação de anencéfalos foi derrubada por 7 votos a 4, um dos ministros do Supremo disse: “Mas onde estão essas mulheres? Nós nem sabemos se elas existem”.

O documentário surgiu da indignação diante desse comentário que desconhecia não só a dor, mas a existência das mulheres severinas. Meu objetivo, ao tirar férias de ÉPOCA para realizá-lo, era mostrar não só que elas existiam, mas que as decisões da Justiça afetavam profundamente seus destinos. Eu queria contar o longo dia seguinte a que os ministros do Supremo não assistiriam.

Severina estava internada num hospital do Recife no momento em que, a mais de 2.000 quilômetros dali, em Brasília, os ministros derrubaram a liminar que permitia a interrupção da gravidez anencefálica. Ela dormiu, em 20 de outubro de 2004, preparada para interromper a gestação no dia seguinte. Quando amanheceu, foi colocada para fora com sua dor e sua barriga de quatro meses. Naquele exato instante, Severina foi desamparada pela Justiça.

Para ela e para seu marido, Rosivaldo, levar a gravidez até o fim era impossível. Eles não suportavam a idéia de que o feto dentro do ventre de Severina não viveria. Era tanto o seu sofrimento, que enfrentaram algo enorme para eles: o Judiciário. Pobres, analfabetos, iniciaram uma peregrinação judicial que só acabaria três meses depois. Foram empurrados de um canto a outro. Compraram uma pasta para guardar a papelada, mas não a decifravam. A tortura jurídica foi só a primeira violência.

Severina sabia explicar em detalhes a imagem da ultra-sonografia que revelou a anencefalia de seu bebê. Mas, no seu íntimo, mil dramas se passavam. Ela não conseguia imaginar como era a cabeça daquele filho. Nos três meses em que sua gravidez se prolongou, enquanto esperava uma decisão do juiz, Severina viveu vários dilemas. A cada enjôo ou sensação diferente, tinha esperança de que fosse o cérebro da criança se constituindo dentro dela. Depois, concluía: “Mas o médico disse que isso não acontece, né?”. Quando, um dia, botou para fora um vômito escuro, achou que era sangue. “Será que machuquei a cabeça do meu bebê?” Para ela, aquela falta na cabeça do seu filho só podia ser uma ferida. Aberta.

Quando, finalmente, Severina conseguiu licença para interromper a gestação, carregou sua barriga de sete meses pelas lojas do centro do Recife. Severina buscava uma roupinha com touca para cobrir a anomalia na cabeça do bebê. Ela não queria que ele fosse vítima da curiosidade pública no caixão. Mas Severina não encontrava. Era quente demais no verão pernambucano para que as lojas exibissem gorros. Severina precisava, então, explicar à balconista o porquê de um pedido tão exótico. E, assim, não bastasse ter de comprar uma roupa para o enterro do filho que ainda carregava no ventre, Severina ficava, a cada loja, mais e mais aflita. Sem touca, ela não poderia proteger seu filho dos olhos do mundo.

A próxima estação do seu calvário foi a rede pública de saúde. Severina foi empurrada de um hospital a outro, com a autorização judicial na mão. “Não há vagas”, “meus colegas são contra o aborto”, “tenha paciência”. Com o aparelho na barriga de Severina, um dos médicos disse, a voz se impondo ao som do coração do feto batendo: “Olha como o coração destes fetos bate. Eles têm coração, o que não têm é cérebro”.

Tudo isso ela viveu. Quando conseguiu ser internada, exausta, o pior estava só começando. Como a Justiça tardou em decidir, aos sete meses de gestação Severina teve de enfrentar um parto induzido. Suportou mais de 30 horas de trabalho de parto. Estendia sobre a cama a roupinha do funeral do bebê, comprada por mim num shopping depois da sua internação. Colocava um sapatinho branco do lado do outro, os acariciava e chorava em silêncio.

Quando as dores pioraram, ela não conseguia mais ficar parada. Andava e contorcia-se no corredor da maternidade. Por ela, passavam mães orgulhosas com seus recém-nascidos no colo. Severina olhava para aquelas cenas com um desespero tão pungente que era difícil suportar seu olhar. Para seu filho, haveria não um berço, mas um caixão.

Então Severina arrastava-se para o quarto em busca do álbum de fotografias de seu único filho, Valmir, de 4 anos. Primeiro abraçava o pequeno álbum. Depois acariciava cada foto demoradamente, cada uma delas uma prova de que ela podia gerar um filho vivo.

Até o momento da internação, ela repetia: “Eu não quero ver”. Severina temia ver a cabeça do filho. Quando as dores foram apertando, porém, a cabeça do filho tornou-se um tormento. “Como será a cabecinha do meu filho? Eu só penso nisso.” À noite, sonhou que o marido, Rosivaldo, aparecia no hospital com a cabeça raspada. Ela dizia: “Você está muito feio, vá embora do hospital”.

Agora Severina precisava ver. Tinha de ter certeza. Precisava ver o que não existia, porque naquele momento era o que não existia, a ausência, a falta do cérebro, que dava sentido à dor que a arrebentava. Seu filho não tinha cérebro, seu filho não poderia viver. Isso ela podia entender. Severina pariu. E quando, primeiro a enfermeira, depois a psicóloga, em seguida a sogra, perguntaram a ela se queria ver “todo” o filho, ela disse: “Sim”.

Severina viu o filho. E chorou muito por ele. E ali, deitada na mesa de parto, pegou meu celular emprestado para ligar para Rosivaldo. “Nosso filho está morto.” E pediu por Valmir, o filho vivo. Era 12 de janeiro de 2005. O bebê de Severina e Rosivaldo não tem certidão de nascimento, só de óbito.

Essa foi a tortura severina. A pergunta que se impõe agora ao Supremo é se mulheres como Severina continuarão condenadas a esse horror. Ou, como Cacilda, terão o direito de escolher como lidar com a dor de ter um feto condenado à morte dentro do seu útero.

Quando o documentário ficou pronto, Severina e Rosivaldo foram os primeiros a vê-lo. Não quiseram mudar nada. Rosivaldo pediu apenas para acrescentar a frase que encerra o filme: “Eu acho que, quando a pessoa é humana e vê uma fita dessa, pode ser juiz, pode ser o que for, tem de sentir alguma coisa”.

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Gasolina R$ 2,68

Engraçado. Hoje os postos de Manaus amanheceram virtualmente todos com a gasolina a R$ 2,68 o litro. O presidente do Sindicato dos postos disse que os preços em Manaus, como em todo Brasil, são regulados pelas leis de mercado, da livre concorrência. Que coincidência todos com o mesmo preço... Apa!

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Vivo ZAP 3G II, a missão

Voltei a falar com a VIVO para ver se coloco meu recém-adquirido VIVO ZAP 3G para funcionar. Disseram que minha área não estava funcionando ontem. Hoje está. Depois de falar com o Aguinaldo, a Letícia e a Suzy, no suporte, fui informado que eles não tem a menor idéia da razão do meu modem não conectar. Deram-me cinco dias para resolver isso. Cinco mais dois são sete. De um mês, uma semana sem conexão de um serviço que acabei de contratar. Se amanhã não resolver, vou lá, devolvo tudo e peço o cancelamento. Sou bonzinho, mas já estou começando a me irritar.

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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Amazonês na Rádio Amazonas FM

Agende aí: estarei na Rádio Amazonas FM (101,5), sábado, às 17:30h, no programa da Vivi Cariolano, falando sobre o Amazonês. Juro que o livro sai ano que vem. Assim prometeu meu editor, Tenório Telles. Quem quiser acesso à versão on-line, clique aqui. É isso, parente.

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Vivo ZAP 3G

Hoje, depois de quase duas horas na loja, comprei um modem da VIVO para internet móvel, o tal de ZAP 3G. Vou viajar e não gosto de ficar sem internet. Na espera, só para registrar, um cara queria bater na atendente, um outro que não tinha comprovante de residência alegou que ele é inútil e não comprova nada. Dizia ele que se no mesmo dia em que ele apresentar um comprovante a mulher botá-lo pra fora de casa, morreu o comprovante. Ah, as atendentes conversavam muito umas com as outras. Tive de exercitar minha paciência. Fui testar quando cheguei em casa e nada de conexão. Liguei no suporte e disseram que a área do Aleixo, onde moro, estava com problema de conexão. Amanhã vai estar funcionando. Mal começo. Amanhã eu digo se rolou.

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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Quintana de madrugada

A arte de ser bom

Sê bom. Mas ao coração
Prudência e cautela ajunta,
Quem todo de mel se unta,
Os ursos o lamberão..

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Frase do dia

"Bicho acostumado na toca encega com estrela".
Manoel de Barros

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Disque 1 para ter raiva

O tão anunciado fim do martírio com os call centers chegou - ao menos oficialmente- hoje, quando passaram a valer as novas regras do Decreto Presidencial 6.523. Ele inclui na regra os setores de telecomunicações, sistema financeiro, aviação, água, energia elétrica, transporte terrestre e planos de saúde. O consumidor que ligar para um SAC (serviço de atendimento ao consumidor) dessas empresas já pode exigir o direito de falar com um atendente em até 60 segundos, além de ter a opção de cancelamento do serviço no menu inicial.

As principais mudanças: a primeira gravação deve conter opções para atender, reclamar e cancelar. A ligação para o setor que resolva o problema deve ser transferida em no máximo um minuto. Em casos de reclamação e cancelamento do serviço, não será admitida a transferência da ligação. Todos os canais de atendimento devem estar aptos a cancelar o serviço, o que deve ser feito imediatamente após a solicitação do cliente, mesmo se o cliente tiver dívidas. A empresa não poderá pedir que o consumidor repita a sua demanda. Anúncios nos momentos de espera estão proibidos. O consumidor pode solicitar acesso ao conteúdo da gravação e ao histórico de atendimento. O SAC deve estar disponível por 24 horas por dia e sete dias por semana.

Quem já passou pela via crucis de esperar para fazer algo via telefone nutre certa esperança de que a coisa mude, ainda que eu ache que essa seja mais uma lei daquelas que não pega no Patropi. Porque por aqui leis pegam, não pegam ou são descumpridas por serem heranças de outras épocas, como no caso da absolvição do vereador Henrique Oliveira.

Por várias vezes já testei minha paciência com serviços de atendimento. O campeão da raiva foi o Shoptime. Comprei um Grill George Foreman e fui nocauteado com a cobrança sem entrega do produto. Lá pela milésima vez que havia ligado alguém disse que o problema era de desembaraço na Secretaria da Fazenda e que eu é que teria de ir lá resolver. Aí louvem-se os bons atendimentos também. Não conseguindo cancelar a compra no Shoptime, cancelei o pagamento no cartão de crédito, reavendo as parcelas pagas. Ponto para o American Express.

A automatização deve vir se vem para facilitar e não para complicar. Se eu quiser qualquer informação sobre o pagamento do meu carro, o atendimento eletrônico da Renault é show. Mas quando tenho que falar com atendentes, dá vontade de pegar o carro e sair voando. Eles me ligaram, por exemplo, questionando porque paguei minha parcela no dia 21 se ela vencia dia 20. Depois que expliquei que aqui em Manaus dia 20 era feriado da Consciência Negra, recebi a informação de que deveria retornar a ligação dia 15 para saber se a multa terá sido cancelada ou não. Pago em dia e eu que tenho que ir atrás. Legal. Fora os call centers que são pagos.

A lei dos call centers bem que podia ter uma equivalência no atendimento presencial. Que tal uma lei que obrigue o atendente a dar bom-dia e olhar nos seus olhos enquanto fala? Uma lei que proíba a gente de entrar em contato com a montadora do veículo para solucionar um problema que a própria concessionária deveria resolver? Na lei nova, o consumidor tem de gravar tudo para reclamar. Liguei para a ouvidoria do Planalto para reclamar e ouvi por 25 minutos o Hino Nacional Brasileiro. Mas sou brasileiro. Não desisto nunca.

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domingo, 30 de novembro de 2008

Amor Desfeito é Amor Refeito

Escrevi este texto em 2005 para a minha irmã Luciana, que sofria horrores com o fim de um namoro. Ele andou circulando pela net e, para minha surpresa, vi que serviu de remédio para um monte de gente na fossa. Isso me deixa feliz: saber que o que eu escrevo faz algum tipo de diferença. Então, da série Um texto antigo para recordar, lá vai de novo.

AMOR DESFEITO É AMOR REFEITO

Para a Lu, com amor.

"Meu coração tropical está coberto de neve,
mas ferve em seu cofre gelado".
Corsário, de João Bosco

o há palavra no mundo que expresse a dor de um amor desfeito. Só aqueles que já vivenciaram – ou mortificaram – um momento de ruptura sabem o tamanho da dor vazia e surda que rasga a alma e paralisa a vida. A gente chora, olha o teto, anda em círculos, tem vontade de ligar e implorar, dirige a esmo pela cidade sombria pensando em bater nos postes que se oferecem, não tem vontade de comer, de viver. O corpo se entrega de cara, jogando covardemente a toalha e deixando toda a responsabilidade de lidar com o monstro para a mente que, funcionando a todo vapor, mas sem rumo, beira o colapso.

O chão cai. Um buraco negro sem fim e fedorento engole a gente. A dor anímica é lancinante. E a gente chora. No travesseiro, nos colos solidários, no chão, no banho. Todos os gnomos das glândulas lacrimejantes são convocados para o trabalho. Produção total. Parece que não tem fim.

Chegam as pessoas amigas, famílias, parentes, gente de bom coração. Milhares de palavras sinceras, cafunés, ombros. Uns querem nos levar de volta à vida na marra, forçam saídas, cinemas, shows, bares. Outros querem logo nos casar porque acham que fantasma de amor só se exorciza com um amor real, novo, daqueles de dar friozinho na barriga. Fazem conchavos, convidam possíveis pares perfeitos para encontros arranjados. Mas um amor foi desfeito. Ninguém entende isso?

Quem teve o amor desfeito fica impermeável a sons, a palavras, ao mundo. Não adianta cem entre cem dizerem que, calma, tudo passa. Porque na mente do sujeito que teve seu amor desfeito, não há menor vislumbre de uma luz no fim do túnel. Não há túnel. Só escuridão. E na escuridão não há caminhos, só estagnação. Então não pode passar. As músicas falam de nós. As cores na retina são as favoritas do amor que se foi. Os lugares são testemunhas da aposta das fichas de nossas vidas que agora nos olham sem graça como quem diz: “e agora? Perdemos tudo...”. Os cheiros entram pelas narinas, sem nenhum traço da delicadeza que outrora tinham, para arrancar com sua mão pesada a imagem do amor desfeito. Os rostos se resumem a um só, como o vilão de Matrix: o do amor que se foi. As novelas zombam da gente. Os pagodeiros também. Até o cachorro que late para a gente, late ridicularizando o ridículo trapo humano em que nos transformamos. E a gente chora. Os olhos no espelho não são mais os nossos, mas os do Benicio del Toro de tanta papada. Estão roxos. E ainda tem aquela amiga desavisada que nos encontra, sorri e pergunta pelo nosso amor, sem saber que ele está desfeito. Engraçado... o mundo demora para se dar conta do amor desfeito.

Com o amor desfeito, a central de controle da vida fica à deriva, nau sem rumo. Quem diz quando é hora de rir, de comer, de amar? Ninguém, porque o único marujo na cabine de controle da mente está se virando para ver se consegue evitar que o navio afunde. Rir? Comer? Amar?! Isso é luxo para quem busca desesperadamente sobreviver. E a gente chora. Ensopa o colo da mãe, que sofre com a gente como só as mães sofrem. Tamanhos marmanjos se abebezando de novo no ninho materno, o único bálsamo que ameniza 0,1% a situação. Mãe é a morfina da alma de quem teve o amor desfeito. O único remédio não remédio. Precisamos terceirizar a mente: Olcadils, Lexotans, Lexpirides, Lex-Lutor... O mundo é um Lex-Lutor com pedras e pedras de Kriptonita nas mãos apontando para nós, super-homens transformados em sub-homens, Popeyes embrutecidos na alma e enfraquecidos no corpo sem o espinafre diário, ido na sacola da feira do amor desfeito, Sansões carecas e raquíticos, Rei Arthur sem Excalibur, Bochecha sem Claudinho...

E a gente chora. Chora até o sol nascer e constatar, consternado, que o choro continua. Chora na hora do Globo Esporte. Chora na Sessão da Tarde. As novelas, cruéis, nos fazem chorar. Chora com a musiquinha do Jornal Nacional. O que me interessa se a febre aftosa atingiu o gado gaúcho? Dane-se! Meu mundo acabando e o William Bonner preocupado com as vacas! E vou votar Não no plebiscito das armas porque preciso desesperadamente de uma arma. A gente chora, então. Para a lua, que, paciente, nos olha e espera que caiamos no sono de tanto chorar. Mais um dia se vai e a gente nem percebe. A vida gira em torno de um só nome: a do amor desfeito. Ficamos absolutamente monotemáticos.

É preciso gastar. É preciso viver a perda. Acabou e a gente não aceita. Queremos saber por quê? Por que o amor se foi? O que deu nele? Onde errei? Mas ele disse que me amava até ontem à noite, puxa vida? O que mudou? Chama o meu amor desfeito aqui! Ele precisa me dar explicações... As explicações.... as explicações não existem e nem fazem diferença, na verdade. O fato é: acabou. Querer explicações é uma tentativa da mente de continuar pensando no amor que se foi. Se foi. Ponto. E levou junto muita coisa.

O amor desfeito não leva somente o corpo que me dava prazer. Leva a alma que passeava de mãos dadas com a minha nos pensamentos dos planos futuros. Leva um pedaço da história de nossa vida que não tem mais volta. Leva o olhar cúmplice que dividia comigo os sentidos do mundo. Estou órfão de prazer. Estou com um amor desalmado, estou hanseniano de história: pedaços meus estão ficando para trás e não posso fazer nada. Estou impossibilitado de dar sentido ao mundo, mundo completamente sem sentido e dispensável.

E a gente chora. Ou tenta, pois a lágrima secou. Passou o tempo. Tem algo diferente. Já não dói tanto. Mas ainda dói muito. De repente, um vaga-lume. Luz? É. Luz.

De repente, saímos do olho do nosso Katrina particular. Respiramos no ritmo novamente. E o amor desfeito? Ah, o amor desfeito... O amor desfeito deixou em nós a lembrança de que é possível amar, de que o amor existe mesmo. O amor desfeito nos fez perceber que devemos viver a certeza da eternidade do amor enquanto durar, como dizia o poetinha, e que para isso é preciso acreditar que a felicidade só é possível com aquele amor específico, o que não é verdade. A gente pode ser feliz com qualquer pessoa porque a felicidade é intrínseca, vem de dentro. Por outro lado, “tudo na vida é frágil; tudo passa”, como retruca Florbela Espanca, a poetisa da dor. O amor pode passar. É uma possibilidade que não queremos, contra a qual lutamos, mas que não podemos desconsiderar. O amor desfeito nos amadurece ao lembrar que a vida é assim: as coisas vêm e vão. As pessoas vêm e vão. É da própria vida, que veio e um dia irá. O amor desfeito pisca para nós e diz: “Pronto, fiz minha parte na tua vida”. Zecabaleirianamente, ele nos lembra que percorreu a parte da sua estrada no nosso caminho.

Por isso não podemos odiar o amor desfeito. O amor desfeito deve ser amado pelo mundo que nos mostrou, pelos espaços que nos abriu, pelos sonhos que desenhamos juntos. O amor desfeito deve ter seus feitos registrados no livro da antologia universal do amor. As coisas ruins, bom...essas esquece! As boas, essas devem ser vividas e lembradas com carinho. Aquela música, aquele perfume, aquele beijo, aquela noite. Como era perfeito aquele amor desfeito. Mas é preciso que um amor se desfaça para que outro se faça. Um outro tão perfeito quanto. Mais perfeito que.

Quando a gente consegue heroicamente sobreviver ao ciclo do amor desfeito, somos capazes de converter a necessidade inegociável da sua presença em certeza inalienável de sua importância para nosso crescimento afetivo e pessoal. O mundo volta a ter sentido. A lua, num quarto-minguante feito para nós, sorri feliz. Aí a gente entende a razão de ser minguante. Ela sorri quando mingua a dor. O sol ilumina o dia e o céu azul lindo, que estava aí e nossos olhos de ressaca não viam. E chega um novo amor. De repente. De surpresa. E o nosso amor próprio, alquebrado pelo amor desfeito, desenganado pelos pessimistas do mundo, brilha de novo. Refaz-se.

Não há palavra no mundo que expresse a certeza de um amor refeito. Só aqueles que já vivenciaram um momento de abertura a um novo amor sabem o tamanho da alegria plena e verdadeira que inunda a alma e nos devolve a vida, à vida. A gente ri para o teto, anda sem rumo de tão feliz, tem vontade de ligar e conversar por horas, dirige pela cidade formosa pensando em gritar a todos que está amando, que não tem vontade de comer, mas tem muita vontade de viver. O corpo se entrega, jogando-se alucinadamente ao novo amor e deixando toda a responsabilidade de pensar nas responsabilidades do mundo lá fora para a mente que, funcionando a todo vapor, diz para o corpo: “Vai fundo! Aproveita! Carpe Diem!”

O chão do mundo novo é ladrilhado, como na canção de roda. Um tsunami de paixão engole a gente. A sensação de querer tudo e mais é atordoante. E a gente ri. No travesseiro, nos colos dos amigos – que reclamam que foram abandonados por nós depois que entramos no templo da paixão, como diz o Chico César. A gente ri no chão, no banho. Todos os gnomos do setor de produção da adrenalina são convocados para o trabalho. Produção total. Parece que não tem fim.

Chegam as pessoas amigas, famílias, parentes, gente de bom coração. Milhares de palavras sinceras, cafunés, ombros. Felizes por nos ver de volta à vida, sem ser na marra, sem saídas, cinemas, shows, bares forçados. Outros fazendo questão de nos lembrar que disseram que fantasma de amor só se exorciza com um amor real, novo, daqueles de dar friozinho na barriga, como o que sentimos ao ouvir o nome do novo amor. Um amor foi refeito.

Quem teve o amor refeito fica sensível a sons, a palavras, ao mundo. Não adianta cem entre cem dizerem para ir com calma. Bobagem. Porque na mente do sujeito que teve seu amor refeito não há menor vislumbre de calma. Só há luz, energia. Só há movimento. As músicas falam de nós. As cores são as favoritas do amor que se faz. Os lugares testemunhas da aposta das fichas de nossas vidas que agora nos olham vibrantes como quem diz: “Aposta tudo!”. Os cheiros entram pelas narinas para levar delicadamente, com sua bruma leve, a imagem do amor refeito. Os rostos se resumem a um só. As novelas falam da gente. Os pagodeiros também. Até o cachorro que late para a gente, late parabenizando o ridículo humano cheio de amor em que nos transformamos. E a gente ri. Os olhos no espelho são os nossos em seus melhores dias. Estão indisfarcavelmente brilhantes. E ainda tem aquela amiga desavisada que nos encontra, sorri e pergunta pelo nosso ex-amor, sem saber que ele está desfeito. Engraçado... a gente nem lembra mais do amor desfeito... Diz que está amando muito uma pessoa especial, dá dois beijinhos, se despede e corre para encontrar o onipresente novo amor.

Com o amor refeito, a central de controle da vida acha o caminho e descobre novas terras. Toda hora é hora de rir, de comer, de amar. Nosso navio singra os mares, potente, firme. E a gente ri. E traz o sorriso para os lábios da mãe, que ama com a gente como só as mães amam. Tamanhos marmanjos se abebezando de novo no ninho materno, ninho perfeito para descansar depois de um dia feliz. O amor de mãe é o modelo da alma para quem quer um amor refeito. Somos super-homens salvando o mundo das maldades. Popeyes fortificados no braço e no coração com espinafre fresquinho, trazido pelo amor novo. Sansões cabeludos, Rei Arthur empunhando Excalibur, Lennon e McCartney em seus melhores dias.

E a gente ri. Ri até o sol nascer e constatar, feliz, que o riso continua. Ri na hora do Globo Esporte. Ri na Sessão da Tarde. As novelas, engraçadíssimas, nos fazem rolar de rir. Coitadas das vaquinhas bonitinhas que sofrem de febre aftosa. Bem que o mundo poderia ser mais perfeito como o meu e do meu novo amor. E não é que o William Bonner e a Fátima Bernardes fazem um belo casal! E quer saber? voto Sim no plebiscito das armas porque sou pela vida. A gente ri e ri. Para a lua, que, preocupada, nos olha e pergunta se não temos medo de desmaiar de tanto rir. Mais um dia se vai e a gente nem percebe. A vida gira em torno de um só nome: a do amor refeito. Ficamos absolutamente monotemáticos. Sentimos até o cheiro quando pensamos no novo amor.

É. De nada adianta querer apressar as coisas. Tudo vem a seu tempo, dentro do prazo que lhe foi previsto, mas a natureza humana não é muito paciente. Temos pressa em tudo. Queremos apressar o rio e esquecemos que ele corre sozinho. Vemo-nos num labirinto e enlouquecemos. Mas um labirinto é a metáfora da vida: a busca louca pela saída nos faz ignorar a beleza dos descaminhos. Drummond dizia algo com que concordo: muito choro é limpeza de alma. E dizia também: “Tem tanta gente esperando apenas um sorriso seu para chegar perto de você”. Basta sorrir.

É preciso fazer com que o cofre de neve que cobre nosso coração, fervente e tropical por natureza, derreta. Então, valeu, ex-amor! Por tudo. Obrigadão e seja muito feliz. Mas dá uma licencinha agora...Venha você aqui pra pertinho, meu novo amor, razão da minha vida. Para sempre. Ou enquanto durar, “posto que é chama”... Devemos não esquecer o poeta para sofrer menos e viver mais felizes.

Sérgio Augusto Freire de Souza
12 de outubro de 2005

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Paulo Leminski num domingo. Quase um erro ou baita acerto?

QUASE

não fosse isso
e era menos
não fosse tanto
e era quase

~ o ~

ERRA UMA VEZ

Nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez

p.lemisnki


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