segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Aniversário do meu pai

Hoje é aniversário do meu pai. Posto um texto que escrevi pra ele, no dia dos pais. Te amo, meu querido, meu velho, meu amigo.


PAI

Que me desculpem os outros filhos, mas o meu pai é o melhor pai do mundo. Podem discordar, mas continuarei achando. É porque vocês não são filhos do meu pai. Se fossem saberiam do que falo.

Meu pai tem um coração maior do que amor pelo seu Botafogo. Jamais conhecerei alguém tão bondoso. Seu corpo é feito de coronárias: um grande coração no qual circula bondade.

Do seu jeito pouco falante para essas coisas, meu pai sempre desejou, como na música, ver seus filhos pisando firme, sorrindo alto, cantando livres. Nós, cada um a seu modo, pisamos firme porque tivemos sua mão a nos segurar em vários momentos em que mais precisávamos. E não a tivemos na hora em que, paciente e sabiamente, ele e a mãe saiam de cena para que pudéssemos crescer. Sorrimos todos, paizinho, bem alto. Somos uma família feliz. Cantamos livres, cada um no seu tom, as músicas de respeito ao próximo, de sacação do mundo.

Pai, obrigado por mostrar que filho é filho. E o que importa é a felicidade dele. Essa lição eu vou levar para a vida da Ana Clara e da Marina. Não esqueço, paizinho, de quando tu me esperavas no carro, enquanto eu estudava, para que eu não voltasse de ônibus tarde. Quanto amor e dedicação. Que pai invejável! Que pai lindo!

Agradeço a meu pai pela torcida nas grandes e pequenas coisas. Nos campeonatos de futebol, lá estava seu Jefferson atrás do gol com a camisa do time. Nas gincanas, seu Jefferson corria atrás de ouriço de castanha, objeto da prova, como se fosse sua vida. E era. Eram seus filhos que estavam ali. Nos jogos de futebol de mesa, seus gritos de gol ao ver a bola bater na rede dos adversários rasgavam a sala. Torcia para fazer gol só para ver meu pai vibrar. Era melhor que próprio gol. Nas vitórias, seu punho cerrado no ar, como a dizer “eu sabia! Esse é o meu filho!”. Guardo com carinho seus olhos gordos de alegria quando falei ter sido aprovado no doutorado na Unicamp. O orgulho de missão cumprida, a despeito das dificuldades dessa vida que tanto o maltratou. Mas as dificuldades foram, sabiamente, transformadas em lições de vida e não em amargura.

Fico fascinado com sua capacidade de saber o nome de todas as repórteres bonitas da tv. Fico encantado com suas soluções para situações nas quais todos jogariam a toalha facilmente. Fico deslumbrado com seu pensamento rápido, que em dobradinha com seu senso de humor, fazem a vida mais feliz.

Aprendi o amor recebido do meu pai para dar a duas coisinhas que dependem de mim, frágeis, inseguras, começando a vida. Que minhas filhas tenham o privilégio de brincar de carneirinho-carneirinho contigo. Se eu conseguir ser dez por cento seu Jefferson nesse papel de pai, minhas meninas vão viver no mundo pisando firme, cantando alto e sorrindo livre. Fica aqui por muito tempo, meu pai, meu querido, meu velho, meu amigo. Ainda há muito mais a aprender contigo.

Eu te amo, pai. E vou te dizer todos os dias até quando Deus disser que está na hora do nosso vôo solo. Aí eu e minhas filhas, olhando para a estrela mais brilhante do céu, diremos, dedinhos apontados para cima, “eu te amo, pai”, “nos te amamos, vovô”. E nos encontraremos em sonhos. Do filho que os outros filhos dizem, ingrata e injustamente, ser o preferido. Dinho.



Nenhum comentário: