segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Anacronismo administrativo


Passados quase quinze dias da posse do prefeito de Manaus, pouco se vê de novo. Paráfrase: muito se vê do velho. As práticas de Amazonino voltaram: nomeações da filha, da filha do desembargador, da irmã do vice, da esposa do também nomeado Sidney Leite. Num típico caso de discurso – em que mudando-se as posições mudam os sentidos – nepotismo virou competência técnica e aclamação popular. “Não há nepotismo em cargos de confiança”, afiançou um advogado do grupo, levando a crer que nepotismo mesmo então só em concursos públicos.

Quem acreditou nas promessas do prefeito começa a ficar desconfiado de que levou sorva por uva. As mil creches (0,7 por dia até o fim do mandato) viraram a promessa de casas de Mãe Social, um programa assistencialista sem cunho pedagógico criado na época de Alfredo Nascimento e que Serafim tinha autorizado a desfazer aos poucos. Creche de verdade, com equipe pedagógica responsável pela educação infantil, como prega a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e como a que construiu Serafim, não dá. “É muito caro”, disse o prefeito, desconhecendo que caro ou não a educação infantil é dever da prefeitura. O turno intermediário não vai acabar nem vai a prefeitura pagar escola particular para quem nele estuda. A razão: é infactível em curto prazo e não há recursos para isso. Nas Zonas Leste e Norte simplesmente não existem prédios para alugar, obrigando a Secretaria de Educação a usar o intermediário até construir.

Por falar em SEMED, a secretária Therezinha Ruiz anulou o pregão do fardamento e do kit escolar. Para mudar as especificações, diz que. Em quatro anos o grupo do Sarafa não aprendeu a especificar cadernos nem fardamento, coitados. A explicação, ridícula para quem conhece um pouco como a coisa funciona, não vai evitar que as crianças iniciem o ano letivo sem a fardinha e sem cadernos. E com intermediário. Tudo como antes.

Na Secretaria de Obras, Américo Gorayeb demitiu 600 laranjinhas. É a urbanidade prometida. O secretário ainda não tapou um só buraco até agora. O prefeito cancelou contratos de construção de escolas – que iriam diminuir o tal do intermediário – e disse que os projetos dos prédios da educação vão voltar a ser gerenciado pela SEMOSB, revertendo a mudança feita por Serafim para dar mais rapidez às construções.

Fato é que a administração de Amazonino Mendes está perdida e não sabe por onde ir. Com os quatro anos de Serafim, a imprensa e os formadores de opinião aprenderam a ler diários oficiais e a cobrar transparência. Amazonino trouxe o mesmo time, que não sabe jogar no campo em que a informação escorre por todo lado. Não há como fazer licitação às avessas ou prender a informação. E a administração atual fica nua. A estratégia de culpar a administração anterior por ter pretensamente deixado a prefeitura um caos já está perdendo o gás. Mas ainda há as costas largas da crise para levar a culpa.

A equipe de Amazonino é, grosso modo, anacrônica. São pessoas – a começar pelo prefeito – que preferem o dominó à Internet. Salvo exceções de sempre, aprenderam a governar antes do advento da era da informação, cujos bits respiramos, e têm dificuldade em administrar fora de seu tempo. Até o Ronaldo Tirantes sentou a ripa no prefeito. Se o Ronaldo Tiradentes fez isso, aí tem. O barco deve estar fazendo água mesmo. E nem saiu do porto de lenha.

Um comentário:

Ó PAIÓ disse...

Olá, boa tarde! Bom seu blog, melhor ainda são as colocações que fazes à cerca da política local.
Se puder, visite-me!

Um cordial abraço!