segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Artigo Censurado

Pela primeira vez meu artigo foi censurado no jornal. É a força do poder simbólico. Quem mandou eu falar do vice-prefeito eleito... Vai, então, para os leitores do blog:

PARÁFRASES

Amazonino Mendes é o prefeito eleito de Manaus. Ao repetir o óbvio, gostaria de acenar para as paráfrases contidas nessa frase. O que está sendo dito ao se dizer que Amazonino ganhou?

Está sendo dito, entre outras coisas, que Serafim Corrêa perdeu. Serafim sai fortalecido para o futuro, mas inequivocadamente derrotado no presente, repetindo a história da sua eleição. Naquele 2004, não foi Serafim que levou, mas Amazonino que foi derrotado para sua rejeição. Em 2007, Serafim perdeu pela incapacidade de transformar a boa política em resultado eleitoral. Ainda que o discurso político não lhe permita falar em derrota, o que é compreensível, o prefeito foi vencido pela comunicação pífia no início da administração e por algumas escolhas políticas equivocadas quando das divergências internas de seu grupo. Registre-se que Serafim fez uma administração admirável do ponto de vista republicano: concurso, transparência, moralidade, bom uso do nosso dinheiro. Acusaram-no de lentidão, mas quando a coisa é feita direita é lenta mesmo. Sei porque participei de sua administração e lembro o quanto sofremos pelos trâmites demorados da legislação. Por esse prisma, aliás, espero que a administração do novo prefeito não seja tão rápida se o preço for o arrepio da lei.

Mais paráfrase: Ari Moutinho vai para a Câmara dos Deputados no lugar de Carlos Souza. Até quando a legislação brasileira vai permitir esses esquemas de acomodação de políticos sem mandatos ou que ainda devem esclarecimentos à justiça? Até quando ficaremos tentados a fazer trocadilhos de imunidade com impunidade? Quem ganha com isso, não sei. Mas quem perde somos nós, população.

Outra paráfrase que se escuta na frase: Carlos Souza vai ser prefeito por dois anos. Não precisa ser futurólogo para saber como caminha o xadrez político. Minha discordância com o futuro prefeito Souza é de visão de mundo e de sociedade. Não consigo pensar em usar o mundo cão como paradigma de ações. Quem pensa assim não consegue agir para reduzi-lo, pois perde o próprio referencial. Ao contrário: quanto pior, melhor. A miséria fortalece quem dela se sustenta. Ainda me queima a retina a cena de Souza e Sabino de braços dados com o bandido Paulinho Perneta, parecendo uma quadrilha. De São João, claro. Alguém que quer substituir a polícia e a justiça não me agrada com uma caneta tão pesada quanto à de prefeito na mão.

Um dado positivo: a oposição tão forte que se fez ao prefeito por ousar fazer uma política de outro modelo acabou por gerar uma sociedade mais atenta. Vamos esperar do Ministério Público a mesma vigilância. Vamos cobrar da imprensa os mesmos olhos de lince. No mundo midizatizado, promessas se registram. Para se ter mil creches é preciso fazer uma a cada um dia e meio. Quero meus 20% de desconto no IPTU. Vou cobrar o fim imediato do turno intermediário nas escolas e juro que vou morrer de inveja: quando fui subscretário o máximo que consiguimos em três anos foi reduzi-lo em 30%.

Meu desejo sincero é o de que o prefeito eleito conduza nossa cidade da melhor forma possível para a população. Um paráfrase positiva final: a Democracia funciona, a rotatividade faz parte. Quem venceu que administre. Quem perdeu que fiscalize. É assim.

2 comentários:

Unknown disse...

Sérgio,
Vários foram os fatores que levaram a derrota. Vc citou um que eu gostaria de destacar. A visão míope de pessoas de bem, honestas, membros do MP, que fizeram de tudo para prejudicar a administração, sem a noção de que não se consertaria a cidade, abandonada por anos e anos, em apenas 4.

Soninha Serrão disse...

Seus temores também são os meus.É uma pena que Manaus ainda não esteja preparada para identificar os políticos sérios!
Abração!